quarta-feira, 28 de julho de 2010

atraso.

Cartas atrasadas, ainda devem ser postadas.

Day 4 — Your sibling (or closest relative)

Somos seis netos. Um inclusive eu não conheço [apesar de ter vontade], e eu a caçulinha - até 11 anos atrás. Convivi com você, Aiê, por anos a fio, como se você fosse meu irmão que não tinha brigas. Peguei a melhor parte de um irmão. De vez em quando até que brigamos, mas nada que fosse duradouro. Você era meu ídolo, aliás, ainda é. Das primeiras palavras que falei foi pra te chamar "Aiêê", correr atrás de você, e até ter ciúme de você quando eu tinha nem quatro anos de idade! "Quem é aquela feia com o Aiê na foto?". Quando você virou um aborrescente meio que nos afastamos e acredite, fiquei muito triste com isso. Sentia sua falta. Depois viramos primos-irmãos novamente, mesmo que você estivesse longe, você sempre estava por aqui e eu gostava demais disso. Passamos até um carnaval juntos e desde então sinto muito sua falta. Gostaria que você estivesse sempre por perto.
Onze anos e alguns meses atrás nasceu a minha pequena, tão esperada... E eu aprendi a cuidar de um bebê com você... trocar fralda, dar papinha, colocar pra dormir e até ver filmes de teletubbies. Sabia as músicas da Xuxa de cór! Hoje falta pouco para você me alcançar na altura, e ainda dá vontade de te pegar no colo... E depois vieram as raspinhas do tacho, os menores, que por mais que seja pouco tempo, têm tamanha importância na minha vida!
A vida me proibiu de ter irmãos, mas também me deu primos-irmãos que me trazem alegria.

If 2day was your last day

27-o7-2o1o

Não quero que você enxugue minhas lágrimas... para mim basta você não fazê-las cair. Quando o fim está logo ali, a gente começa a pensar no começo que está bem longe. Aquela criança que você gosta dentro de mim, não existe mais. Ela se perdeu, se endureceu com essa vida, e cresceu. Aquele romântico que conheci quase quatro anos atrás, amargou. Não há mais surpresas, não há mais novidades. Ninguém se esforça mais, a rotina chegou e nós ficamos presos ao nosso passado, ao nosso amor e nosso carinho. Se você me largar, não será o primeiro, só espero que seja o último. Se você se for, não ficarei mal, já fiquei bem outras vezes [ainda que algumas eu não tenha me recuperado completamente]. De vez em quando, por mais que todos duvidem, eu consigo me virar sozinha. Só lamentarei de não estar com você nos nossos "quatro anos", feriados, fins de semana, férias, Natal, Reveillón, minha formatura [e pensando como você ficaria ali do meu lado dançando valsa], e até de você não estar no nosso "casamento". E mais ainda de você não ser o pai dos meus filhos, logo você, o futuro-melhor-pai-do-mundo-todo. Ainda assim, lamentarei mais ainda de saber que vivemos o quase. Que quase deu certo. Ainda hoje olhei meu vestido rosa ahazo e pensei que preciso emagrecer uns bons quilos para poder usá-lo na sua formatura. Lamentarei saber que não estarei com você nesse momento importante. Talvez haja alguém do seu lado, mas esse alguém não te acompanhou por 3 anos nessa longa caminhada. Só espero que esse mesmo alguém saiba entender aquele olhar seu... não o de desprezo! O olhar de amor. Se houver.
Ainda mais, quero que esse olhar de amor seja meu, por todo esse tempo e ainda mais. Vamos combinar, eu faço a minha e você faz a sua parte!

sábado, 24 de julho de 2010

Day 3 - Your parents

24-o7-2o1o

Há 22 anos atrás vocês souberam que seriam pais. Tiveram toda uma história antes disso, assim como eu tenho com meu namorado. Terminaram, voltaram, terminaram. Brigaram, voltaram. Se amaram. Lutaram para ficarem juntos, passaram por fase de ciúmes, por tudo. Eu nasci. Uma bonequinha para dois jovens. Uma com 17 e outro com 22 anos. Passaram uma barra, enfrentaram os preconceitos e olhares do mundo e ensinaram a todos a me amar. O primeiro dia de escolinha foi mais sofrido para você, mãe, do que para mim. Pra mim foi um doce, conhecer novas crianças, conviver. Você, pai, podia estar no Pará, literalmente, se soubesse que eu estava doente, voltava. E passaram-se os dias, e brígavamos, discutíamos, e eu tão pequena. Passou a história do primeiro namorado [que vocês souberam!] e passou todo o ciúme [que ainda resta um pouco]. Participei da formatura de vocês, o que quase nenhum dos meus amigos pode fazer. Hoje vivemos bem, digamos assim, às vezes temos nossas grandes diferenças, uns gritos pra lá, outros pra cá, mas nos amamos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Day 2 - Your crush

23-o7-2o1o

Passam os dias e não sei mais o que acontece com a gente. Já tivemos péssimos dias, vontade de jogar tudo para o alto e fingir que nunca nos conhecemos. Impossível. O começo foi bom, apesar de incrivelmente esquisito. Não sabíamos nada um do outro, foi completamente conhecer o desconhecido. Temia te perder, não éramos tão sinceros, não tinhamos tanta cumplicidade. Mas sabe o que nos fez chegar até aqui? Nossos erros. Eles foram os maiores construtores desse relacionamento que temos. Que hoje sim podemos chamar de relacionamento. Só não digo que podemos descartar os nossos primeiros seis meses juntos, pois aquilo foi crucial pra sermos o que somos. Mas digo uma coisa. Hoje sim, posso dizer que tenho um relacionamento estável, bom e saudável. Somos humanos, erramos. Vivemos errando, mas vivemos consertando nossos erros e nos conhecendo cada dia mais. Eu gosto de você, gosto do seu jeito, gosto de deitar no seu peito e ficar ouvindo seu coração bater um pouco mais acelerado. Gosto de fazer carinho na sua barba, gosto de te olhar. Gosto de acordar logo cedo e você ser minha primeira visão do dia, e gosto mais ainda de abrir um sorriso de bom dia. Gosto como você traz meu café-da-manhã na cama, e como você briga comigo quando eu atraso. Só não gosto como essa distância ainda existe entre nós. Acaba com ela logo? Te amo, Brunno.
Da sua, Flor.

30 days letter project.

22-o7-2o1o

Roubei da gab. (http://corvoseescrivaninhas.blogspot.com/).

Day 1 — Your best friend

Oi, minha best. Bom, parece que o tempo e a distância tem nos afastado, né? e as situações também. Te conheci em 2007, começo de faculdade e você entra na sala com a cara pintada, como se fosse uma... bixete?! talvez porque você era, nós éramos. Foi uma conversa despretensiosa que começou nossa amizade, um pastel, uma cerveja, que já virou um fim de semana, que já virou um mês e agora estamos no nosso quarto ano de faculdade e quarto ano de amizade. Tenho grandes amigas, de verdade, e gosto muito de todas. Mas com você foi diferente. Você virou mais que amiga. Ficamos bêbadas juntas, e ficamos tristes juntas. Atualmente acho que é a primeira vez que estamos mais afastadas, e fica um vazio aqui. Passamos por barras juntas, e apoiamos uma à outra, por mais que estívessemos erradas. Em quatro anos contigo tenho mais história do que em dez anos que conheço outras pessoas. E olha que nem moramos na mesma cidade. Já briguei com você com vontade de te matar, pelo seu bem, e você o mesmo. No fim fizemos o contrário do recomendado, e mesmo assim estivemos lá para dar o ombro amigo. Choramos juntas. Depois rimos de nós bêbadas chorando às cinco horas da manhã. Tivemos manhãs de ressacas, inclusive morais, e tivemos noites alegres, até mesmo sem o famoso álcool. Fomos em show de sertanejo juntas, e dançamos, curtimos como se não houvesse amanhã. E houve. Fizemos planos, e mais que confirmados. Somos cúmplices, por um acaso do destino, ou não. Estamos juntas nessa longa caminhada. Em um ano e meio nossa vista diária acaba, e das coisas que me deixa mais triste nesse fim é não te ver todo dia e ter um papo que seja cabeça, que seja despretensioso. But, I'll be there for you, S. Da sempre, F, ou Maria, como preferir.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

oceano.

21-o7-2o1o

Eles não se olham mais. Convivem, fazem sexo, se beijam, mas não se olham. Às vezes até se amam, ou sempre. Mas não se apaixonam. Nas vezes que se olham é com aquele olhar de desprezo, saudade, desmazelo ou até vergonha. Dormem na mesma cama, acordam de lados opostos, saem de lados opostos da cama. Passam as tardes juntos, e a primeira oportunidade que tem de estarem longe, estão. Se fingem de outras pessoas, talvez para não sentir que o fim está ali, do lado para que possam ver, mas longe suficiente para que não possam alcançar.
E ela ainda se pergunta "Com tantos peixes no oceano, por quê escolher você?". Ela ainda sente falta. Aquela falta.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

falaram de você

15-o7-2o1o

Me falaram de você. Me contaram onde estava, com quem estava e o que fazia. Me chamaram para ir até onde você estava. Eu não quis ir. Não quis te ver, não quis saber mais de você. Você mudou, eu mudei, somos diferentes apesar de iguais. Mudamos até os números de celular, e esquecemos de repassar. Ou não esquecemos.
Não sabemos mais da rotina um do outro, não sabemos mais se estamos bem ou não. Sabemos que sempre estivemos lá. Ou aqui. Ou em nenhum lugar. Mas estivemos e estamos.
Você disse que sente saudades, eu não menti ao não responder. O silêncio fala por mim... às vezes eu sinto sua falta, e normalmente só lembro de você quando falam seu nome. Você disse que me adora, e o silêncio novamente falou por mim. Eu não te adoro mais, aliás, adorar é bem forte, sinto apenas uma simpatia por você.
Sabe, eu não queria saber de você. Eu não procurei saber de você, foi meu celular que tocou com notícias suas. Você soube que eu soube de você, e pensou que eu procurei. Se quiser contar da sua vida, tudo bem, sempre sou toda ouvidos, caso não, não me importo de não saber mais de você.

[imagination]