terça-feira, 29 de junho de 2010

Esta não é uma carta para mim nem para você. É para a posterioridade.

29-o6-2o1o

Já faz mais de dois anos que tudo aconteceu e você insiste em ficar aqui, dentro da minha cabeça. Lembro como se fosse ontem o dia que me ligou e disse que eu era a pessoa da sua vida. Independente de qualquer coisa. E quatro dias depois terminamos, como se nunca tivesse sido especial o que vivemos.

Ontem aconteceu aquilo que nunca poderia ter acontecido. Nos encontramos, por um acaso. Passamos a noite nos entreolhando, esquecemos que haviam várias pessoas ao nosso redor, esquecemos as brigas que tivemos, lembrando somente do sentimento que também tivemos. E por um outro acaso, saímos juntos daquele local cheio de gente. Você disse que gostaria de ter o prazer de me trazer em casa. Eu disse que agradecia a gentileza e gostaria sim da sua companhia pelo trajeto. Fomos muito formais, quem via pensava que nossa relação era profissional. Um quarteirão depois você disse que sentia saudade. E eu infelizmente tive que concordar com você. Saudade é uma coisa que eu sinto muito de você, sabia? Você perguntou se eu gostaria de tomar um vinho com você, naquele lugar que costumávamos ir. Assim que entramos o garçom ainda se lembrava de nós, e perguntou se gostaríamos dos mesmos lugares de sempre, bem como do mesmo pedido. Aquilo me trazia o que tivemos. Inclusive a vista do lugar. Dali eu podia ver tanto a sua casa, como a minha. Tanto a distância que nos separava em pouco tempo, tanto como o local onde você parou e me ligou aquela madrugada.

Passamos o resto da noite tendo conversas sobre as nossas vidas, trabalhos, amigos, viagens. Menos aquilo que não podíamos tocar no assunto. Eles. A sua e o meu. Entramos no carro para irmos para casa dormir. Cada um na sua. Essa era a intenção inicial. Você, gentil como sempre, veio e abriu a porta para mim. Mas no que o fez, me beijou. Primeiro hesitei, e uma lágrima escorreu. Não podia e nem queria mais aquilo. Mas depois não teve como. Ficamos juntos até o amanhecer, juntos vimos o sol nascer. E assim que ele nasceu, concordamos que precisávamos daquilo para seguir em frente, a nossa despedida. A partir daquele dia, o que ficou é somente lembrança. Bem como todos os verbos no pretérito. Talvez mais-que-perfeito. Talvez imperfeito.

[o presente texto não condiz com a realidade]

domingo, 27 de junho de 2010

[im]Perfeição...

27-o6-2o1o

Se eu sou perfeita? Não! Aliás, tô bem longe disso. Já fiz coisas que falei que não faria, assim como não fiz coisas que falei que faria. Já traí a confiança, assim como já exagerei na confiança. Já perdoei, assim como disse que perdoei e nunca o fiz. Já prometi e já descumpri. Mas uma certeza eu tenho, eu nunca dei motivos para isso. Mesmo com todas as minhas imperfeições e ser bem longe de ser perfeita. E outra certeza que tenho é que tive todos os motivos para isso. Enquanto você não precisa dos motivos.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Montanha Russa

25-o6-2o1o

Hoje é o dia que eu levanto cedo. Tomo meu banho, passo creme no corpo, demoro pelo menos três horas para me arrumar. Para você.
Hoje é o dia que você chega brigando comigo, afinal demorei. Falei que estaria pronta às o8h e já são 1oh3o.
Hoje é o dia que normalmente a gente conversa sobre tudo que aconteceu nesses dez dias, e o dia que normalmente a gente mata a saudade acumulada desses dez dias.
Hoje é o nosso dia, como todos os dias que decidimos chamar de nossos. Basta querermos.
Posso te pedir? Vamos fazer nosso dia daqui dez anos ainda? Desde que você seja o que me prometeu e eu continue sendo quem eu te prometi.
Hoje é o dia que o máximo de distância que temos é para ir à cozinha buscar água. E olhe lá. E o mínimo? Bem... ele não existe! ;)

sábado, 19 de junho de 2010

Duplicidade

19-o6-2o1o

E mais uma vez você sai e diz que logo volta. E tudo deve ficar do jeito que você deixou. Eu não devo e nem posso mudar meus hábitos. Devo esperar a sua volta do mesmo jeito que esperei você me buscar pra um sábado à noite. Mas você continua tendo sua vida aí. E sua vida aqui. Duplicidade.
Encarar o fato de acabar com uma delas é dolorido. Pelas duas partes. Às vezes você esquece a daí. Às vezes você esquece a daqui. Às vezes você deseja mantê-las juntas, e isso não cabe mais.

"A perfeição não consiste na duplicidade das coisas feitas, mas no fato de serem bem feitas".

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Clichê, porque sei sê-lo

16-o6-2o1o

Saudade. Sei que é bem clichê. Mas com relação à saudade eu sei muito bem ser clichê. Sinto saudades de pessoas que não conheci. Você sabe, Florence. Sinto mais falta ainda, bem como saudades, de quem conheci e gostei de conhecer. E sinto falta e muita saudade de quem tá logo ali e eu vejo ao menos uma vez no mês.
Esse mês faz quatro anos que ele se foi, e parece que tem dez anos de tanta falta que faz. De tanta saudade que ele deixou contigo. Dá uma vontade de voltar no tempo e dizer tudo aquilo que você sentia e nunca teve coragem de dizer, e mesmo sabendo disso, você continua sem dizer isso tudo às pessoas à sua volta que você sente o mesmo.
Dá uma vontade de fazer justiça com as próprias mãos, sair por aí, largar tudo, procurar alguém só para ter o [des]prazer de encontrar e matar, com as próprias mãos. Como também dá uma vontade de que a justiça, aquela que você estuda tanto na faculdade e vê tanto no trabalho, seja finalmente feita. E você se lembra todos os dias quando chega no trabalho que aquele amontoado de papéis está ali parado naquela estante, sem ser tocado desde 2oo9 quando foram expedidos mandados de prisão até as polícias aduaneiras. E você tem vontade de mandar uma cópia daquele mandado de prisão para cada comarcazinha e cada cidadezinha desse país gigante que é nosso Brasil.
Mas mesmo assim, você não saberia o que sentiria se isso acontecesse. Cara à cara. Ódio à ódio. Se tem alguém que você pode dizer com todas as palavras, é essa pessoa. J.P.M.. Com todas as letras. Fugitivo da justiça, covarde.
Acredite, J.P.M., eu te odeio. Você tirou a vida de uma das pessoas mais importantes na minha vida. Você não conseguiu tirar a esperança da luta pela justiça da minha vida, não conseguiu tirar minha paixão pelo Direito, e pelo contrário, a raiva que eu sentia pelo Direito Penal e Processual Penal se transformou em paixão e em mais vontade de ver o cumprimento disto tudo em prática. Com você. Já disse e já prometi, essa ordem de prisão, provavelmente, se Deus quiser, será cumprida no momento certo. Não agora e nem pelos próximos dois ou três anos. Mas logo. E você pagará aquilo que deve aqui nesse mundo. Se já não tiver partido para o sub-mundo.
Meu vô, só meu, acredite, foi só MEU avô. Tive o grande prazer em te conhecer e te ter como avô, de ser mimada, paparicada e neta única sua. Queria que aquele jogo do Brasil eu tivesse assistido com você ali, naquela casa antiga, onde dei meus primeiros passos, e quando dei meu último adeus a você, vivo. Um dia isso tudo será 'vingado', alguém tem que pagar pelo erro que cometeu, e vai pagar. Sinto sua falta. E gostaria de ter dito antes o quanto eu gosto de você. Saudades, para sempre. Por quatro anos, por dez, por vinte, até minha morte. Quando nos veremos novamente.