terça-feira, 10 de setembro de 2024

deserto

As feridas que você me causou ecoarão pela eternidade.
Eu sinto muito. Mas de todas as pessoas que passaram na minha vida, você foi a pior.
Por muito e muito tempo (e bota tempo nisso) eu acreditava que você era uma boa pessoa. Uma boa pessoa com seus traumas, vícios, problemas, fragilidades, assim como qualquer outra pessoa, mas sempre acreditei que você tinha um bom coração.

Como eu pedi a Deus por você...
Como eu quis fazer isso dar certo...
Como eu comemorei e fiquei feliz quando você passou a ser um homem de fé...

E veio a enxurrada.
O meu deserto. 

E você sequer respeita o meu deserto.

Eu quis muito tirar a venda dos seus olhos. Falei para as pessoas que seria um momento de fragilidade e que logo isso iria passar, você veria com clareza novamente.

Pedi a São Rafael que soprasse fel em seus olhos, assim como ele fez com Tobias. Que ele curasse suas feridas, assim como fez com Sara. 

Não adiantou.

Você me feriu. Uma ferida que não sei se algum dia irá cicatrizar. Aliás, várias feridas. Nunca me senti tão traída na vida. 

Eu, sempre tão sonhadora, enxergando o mundo com óculos rosa, de repente não consigo confiar em mais ninguém.

Às vezes me esqueço e procuro você pela casa.

Perco o sono. Choro o dia todo. Sinto raiva. Sinto amor. Sinto ódio. Sinto saudade. 

Tem um vazio aqui.

Um verdadeiro deserto. 

Parece um pesadelo que eu só queria acordar, mas já sei que não. Foi o fim.

Talvez o fim estava lá desde o começo, e eu só não quis enxergar. 

Tivemos uma bonita história. Uma pena que você conseguiu ferrar tudo no final. Sinto muito.

Um dia eu vou acabar de passar pelo deserto. Ele é necessário.